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Intervenção mais reduzida na obra de desassoreamento da Ria de Aveiro.

Dos dois cenários traçados para a muito desejada obra de desassoreamento, o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) recomenda menor intervenção.

As empresas e especialistas a quem a Sociedade Polis Ria de Aveiro contratou os estudos apontaram duas alternativas para executar as dragagens a candidatar a fundos comunitários.

O cenário 2, que prevê a transposição de 860.998 m3 em 1.645.400 m2 das sete áreas (canais, cales e esteiros) abrangidas: Ovar / Carregal; Ovar / Pardilhó; Murtosa / Chegado; Mira; Ílhavo; Lago do Paraíso; zona central da ria.

E o cenário 1, que aponta para o desassoreamento de 1.439.081 m3 das mesmas zonas (mais 40%), ainda que mais extensas, atingindo os 2.146.300 m2 (mais 23%).

Segundo o EIA em consulta pública, o cenário é suficiente para permitir adaptar a ria "às necessidades dos principais usos existentes", permitindo "um equilíbrio entre os volumes de desassoreamento e as áreas de deposição" e "sem comprometer os objetivos gerais de navegabilidade e compatibilização de usos".

A redução das intervenções abrange zonas "com menores cotas de dragagem, destinadas essencialmente a assegurar um caudal ecológico e secundarizando a navegação, que continua a ser possível mas com restrições substanciais, que de qualquer modo melhoram a navegação face à situação atual".

Mais de seis dezenas de aterros

A ser tomada a opção pelo cenário 2, são necessárias 60 locais de deposição de dragados (73 no cenário 1) numa extensão de 97 hectares (146 no cenário 1).

A intervenção, no projeto de menor dimensão, é de 12 meses, contra 18 na proposta mais ambiciosa.

O cenário 2 terá, assim, "uma menor interferência no meio geológico.

"A deposição dos materiais dragados terá uma alteração reduzida da morfologia local, sem alteração sensível da cota atual dos terrenos ou repondo mesmo as anteriores cotas, por se tratar de áreas sujeitas a erosão", lê-se no EIA.

O cenário 2 implica ainda menor perturbação na fase de construção, para além de menor alteração na hidrografia e hidrologia da Ria e, consequentemente, na qualidade da água aquando da deposição.

Em termos de hidromorfologia, regime Sedimentar e hidrodinâmica, mesmo com a remoção de volume de sedimentos menor, permitirá já "uma melhoria significativa" para navegabilidade dos canais.

Obra com impacte negativo a pensar em melhorias futuras

Nos sistemas ecológicos, os impactes na fase de construção, refere o EIA, são "negativos e significativos a não significativos para as comunidades aquáticas e não significativos para os anfíbios e avifauna aquática", embora suscepíveis de tornarem-se "minimizáveis".

No que respeita às áreas de depósito, os impactes são significativos para a afetação dos habitats, mas não significativos para a fauna.

Durante as dragagens, os impactes da maior disponibilidade da área lagunar e marginal "são claramente positivos e significativos a muito significativos".

Mas a reconstituição dos ambientes sedimentares das margens da Ria "serão a médio prazo, positivos e significativos, contribuindo para os objetivos
ambientais do projeto e consequentemente paisagísticos".

Os impactes negativos desta fase são decorrentes da perturbação das atividades presentes na Ria (pesca, recreio / lazer, aquacultura e salinicultura), devido à presença e funcionamento das dragas (quatro frentes de obra) que localmente poderão introduzir restrições temporariamente à navegação e a execução das atividades no plano da água.

Na Ria, espera-se uma melhoria da navegabilidade para as diferentes atividades que se exercem na Ria, ligadas à pesca, à náutica de recreio, às atividades desportivas e ao turismo e lazer, em geral.

Minimizar situações de risco

O chamado projeto de "Transposição de Sedimentos para Otimização do Equilíbrio Hidrodinâmico na Ria de Aveiro e de Desassoreamento da Barrinha de Mira" pretende a manutenção e reposição das condições naturais da Ria de Aveiro que assegurem a sua estabilidade biofísica e minimizem situações de risco (risco de erosão e/ou cheias) para pessoas e bens, por via da implementação de ações de transposição de sedimentos de locais com problemas de assoreamento para locais onde haja défice sedimentar ou para reforço de margens.

De modo complementar, pretende-se também melhorar as condições necessárias à navegabilidade e mobilidade, essenciais para a manutenção das atividades turísticas e económicas de base tradicional, através da implantação de equipamento para balizagem e sinalização dos canais a intervencionar.

O projeto incide em vários canais da Ria de Aveiro (canais de Ovar, Murtosa, Mira, Ílhavo, Lago do Paraíso e da Zona Central da Ria) e na Barrinha de Mira.

20 anos sem dragagens

A última intervenção foi realizada em 1996, pela então Junta Autónoma do Porto de Aveiro e teve por objetivo principal a melhoria das condições hidrodinâmicas de alguns canais para uso, em qualquer situação de maré, das pequenas embarcações de recreio e de pesca artesanal, cujas frotas se
encontravam em expansão.

Zona protegida

Em termos ambientais a Ria de Aveiro apresenta um elevado valor faunístico (aves), tendo sido classificada como Zona de Proteção Especial (ZPE Ria de Aveiro),  recentemente classificada como Sítio de Importância Comunitária (SIC Ria de Aveiro), ambos da Rede Natura 2000, e encontrando-se também classificada como Important Bird Area (IBA Ria de Aveiro).

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